Instituto Novo Ser
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O uso da tecnologia na deficiência visual

PRODUZIDO POR Diego da Rocha Conceição

Aos nove meses de idade, fui diagnosticado com Glaucoma Congênito. Começou então, uma luta em que meus pais sabiam que não teria jeito. Seu filho acabaria cego!

Entretanto, próximo de completar três anos, morando em Rio Grande no RS, meus pais me matricularam na Escola de Educação Especial José Alvares de Azevedo.

Foi lá que percebemos que a vida poderia ter barreiras, mas, com apoio educacional, psicológico e familiar, nós poderíamos estabelecer uma parceria que faria de mim um ser humano completo, que usa as questões que permeiam a vida da pessoa com deficiência mais palatáveis diante de uma sociedade que ainda engatinha no que diz respeito a educação, cultura e acessibilidade para nós.

O braile apareceu cedo, cheio de desafios. Às vezes o frio riograndense fazia o contato com os pontinhos ser até mesmo dolorido, mas, foi ele que me abriu portas. Foi o braile que me mostrou as aventuras escritas por Monteiro Lobato, Foi pelos pontinhos mágicos que eu pude me apaixonar pelas crônicas tão cotidianas de Luis Fernando Verissimo. O braile foi o que me trouxe pra tecnologia, e eu explico tudo.

Lá pelos idos de 1999, conheci o DOSVOX. Me apaixonei! Era lindo isso de você poder em meio aquele mar de teclas, ter nas mãos, a chance de estar em contato com pessoas em outras partes do país, do mundo!

O problema, foi que eu conheci o DOSVOX, mas não namoramos logo de cara. Só foi possível entender e dominar seus recursos, depois de me mudar para o Rio de Janeiro em 2000.

Foi nesse ano que cheguei no Instituto Benjamin Constant, foi esse o match entre a tecnologia e um cara super curioso. Daí pra lá, foram vários anos acompanhando a evolução do programa, conheci nesse meio tempo o JAWS (leitor de telas estadunidense), mas em 2011, é que eu realmente tomei gosto por explorar a rede além dos limites normais de só usar o leitor de telas para estudo e troca de e-mails, porque conheci o NVDA, o que me levou a querer conhecer o leitor de telas que é gratuito e isso me fez dominar a internet de maneira que fazer compras, usar apps de comunicação como o antigo Windows Live Messenger e skype se tornaram parte do meu dia à dia.

Isso foi uma espécie de passaporte para ganhar de fato, uma “independência” na hora de resolver minhas necessidades cotidianas, me trouxe a sensação de ter um joystick da minha própria vida. Era a entrada para um caminho que me possibilita usar tecnologia pra tudo! Consigo saber a onde vou desembarcar quando estou no ônibus, consigo preparar pratos “gostosos”, participo de eventos no Brasil e até fora dele. Isso é a tecnologia! Ela está presente na minha vida o tempo todo. Está aqui enquanto escrevo este texto. Vivo tecnologia na web, no mobile, nos eletrodomésticos que tenho em casa. E isso, porque “Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis.”.