Instituto Novo Ser
My video

Dia 06 de junho - Dia Nacional do Teste do Pezinho

Por Nathalia Amarante

O teste de triagem neonatal engloba as triagens auditiva, ocular, cardíaca e sanguínea. Esta última, é bastante conhecida como “teste do pezinho”, que foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 1992, sendo obrigatório e gratuito a ser realizado em todos os recém-nascidos vivos.

Esse rastreio permite a prevenção e redução da morbimortalidade provocada pelas patologias triadas através da identificação antes mesmo do aparecimento de sintomas. Em 2001, o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) foi criado com objetivo de ampliar a lista de patologias identificadas e a cobertura de 100% dos nascidos vivos.

A implantação ocorreu gradativamente no país, de acordo com as condições organizacionais de cada estado. Desde então foram quatro fases de incorporação de doenças ao teste até chegar na versão atual. Em 2014, todos os estados estavam habilitados para a triagem das seis doenças previstas no programa e que tem a atenção básica como porta de entrada preferencial no SUS.

O Dia Nacional do Teste do Pezinho é comemorado no dia 6 de junho e a data foi instituída com a criação do PNTN. Tem como objetivo a conscientização e traz o alerta à população para a importância da realização do exame para detecção precoce de diversas doenças no bebê.

Para que a prevenção seja possível, a coleta deve ser efetuada idealmente entre o 1º e 5º dia de vida do bebê, não ultrapassando 30 dias de vida. Com apenas um furinho no calcanhar do bebê, são coletadas algumas gotinhas de sangue que serão absorvidas em papel filtro específico e encaminhado para análise.

Além da realização do teste, o SUS garante atendimento com equipe multidisciplinar a todos os pacientes triados positivamente para as seis doenças. O tratamento e o acompanhamento também são oferecidos gratuitamente à criança nos serviços de referência em triagem neonatal existentes em todo o Brasil.

A boa e recente notícia é que em maio de 2021, o Governo sancionou a Lei nº 14.154 que amplia o número (para 50) de doenças rastreadas e o exame passará a abranger 14 grupos de doenças, sendo que a ampliação ocorrerá de forma ordenada.

As etapas e respectivos grupos de doença são: etapa 1 (fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita, deficiência de biotinidase e toxoplasmose congênita), etapa 2 (galactosemias, aminoacidopatias, distúrbios do ciclo da ureia e distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos), etapa 3 (doenças lisossômicas), etapa 4 (imunodeficiências primárias) e etapa 5 (atrofia muscular espinhal).

Com a nova lei, será possível acelerar o diagnóstico de doenças raras. Atualmente o teste do pezinho ampliado é realizado apenas na rede privada. A doença rara afeta até 65 pessoas em cada 100 mil, ou seja, 1,3 pessoas para cada 2.000 indivíduos.

Cerca de 75% das doenças raras afetam crianças, manifestam-se logo no início da vida e acometem crianças de até 5 anos de idade. Boa parte das doenças crônicas são progressivas, degenerativas e podem resultar em morte.

Em torno de 80% das doenças raras são decorrentes de fatores genéticos. Por serem raras, o acesso ao diagnóstico e à terapia ainda são uma realidade enfrentada pelos pacientes.

De acordo com o texto da lei sancionada, a lista de doenças a serem rastreadas pelo teste do pezinho pode ser expandida por meio de revisões periódicas com base em evidências científicas e priorizando as doenças com maior prevalência no Brasil, que tenham protocolo de tratamento aprovado e com tratamento oferecido pelo SUS.

A lei também estabelece que os profissionais de saúde devem informar a gestante e os acompanhantes da importância do teste do pezinho e sobre as eventuais diferenças existentes entre os exames oferecidos no SUS e na rede privada.

Mais uma notícia recente é que a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais realizou uma pesquisa com mães que testaram positivo para o novo coronavírus (Covid-19) durante a gestação através da rede de coleta da triagem neonatal. Os resultados preliminares identificaram casos em que houve transferência de anticorpos para os bebês.

Os casos positivos serão acompanhados por dois anos, para observar se a infecção durante a gestação trouxe repercussão no desenvolvimento das crianças e para avaliar o período de duração da imunidade adquirida durante a gestação.