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LESÃO MEDULAR

Produzido por: Nena Gonzalez e Sheyla Mattos

Nossa intenção com esta é oferecer informações básicas que permitam esclarecer e desmistificar as questões que envolvem a lesão medular, através de tópicos que serão apresentados de forma sintetizada e simples.

DEFINIÇÃO
Podemos dizer que lesão medular ou traumatismo raquimedular (TRM) é quando a medula espinhal é danificada seja por um trauma, doença ou defeito congênito, ocasionando paralisia temporária ou permanente dos músculos dos membros e do sistema nervoso autônomo, bem como alterações na sensibilidade dependendo da localização e extensão da lesão.

A medula é situada dentro da coluna vertebral. Esta é composta por 33 vértebras empilhadas umas sobre as outras que, juntamente com os músculos exercem as funções de sustentação, equilíbrio e movimento. No centro das vértebras existe um orifício que forma o canal vertebral, cuja função é de abrigar e proteger a medula espinhal.

A medula espinhal é uma massa de tecido nervoso situada dentro do canal vertebral. Ela se estende desde a base do crânio até a 2ª vértebra lombar e depois termina afilando-se e formando uma cauda (cauda equina), medindo aproximadamente 45 cm no ser humano adulto. A medula faz conexões entre o cérebro e o corpo, e dela saem os nervos espinhais, que têm a função de conduzir impulsos nervosos sensitivos e motores, sendo responsáveis pela inervação do tronco, braços, pernas e parte da cabeça. Os nervos espinhais se distribuem pelos músculos, pele, vísceras e também se relacionam com a temperatura, dor, pressão e tato. Isso explica o fato de sentirmos dor, calor, frio, vontade de urinar, conseguirmos pegar um objeto, andar, enfim, termos sensações e movimentos.

Existem 30 pares de nervos espinhais:
• 8 pares de nervos cervicais;
• 12 torácicos;
• 5 lombares;
• 5 sacrais.

Cada nervo percorre um trajeto definindo o território cutâneo que recebe o nome da raiz que o inerva. Assim, identificamos a raiz nervosa responsável pela sensação e movimento da região do corpo segundo o dermátomo. Exemplo: Uma lesão na oitava vértebra torácica compromete a partir da nona raiz nervosa torácica.

ETIOLOGIA
Como dissemos anteriormente, existem causas traumáticas e não-traumáticas.

A etiologia traumática é a mais frequente. É proveniente de acidentes automobilísticos, mergulhos, ferimentos com armas brancas (facas e objetos cortantes) ou armas de fogo (projétil), quedas de alturas etc. Caracteriza-se por um trauma que fratura (quebra) ou desloca uma ou mais vértebras da coluna vertebral provocando uma invasão no canal medular e atingindo a medula espinhal por compressão ou secção (corte). Entre as causas traumáticas, constatam-se por sua frequência:

• Ferimentos por projétil de arma de fogo:45%
• Acidentes de transporte (automóvel, motocicleta, bicicleta, atropelamento, etc.): 30%
• Quedas: 13%
• Mergulho: 10%
• Outros traumatismos: 2%

As causas não-traumáticas, são geradas por diversos fatores como: tumores que comprimem a medula espinhal ou as regiões próximas; acidentes vasculares; hérnia de disco; deformidades na coluna vertebral que afetam a integridade da medula espinhal. Os agentes causadores deste tipo de lesão medular não origem congênita e nem traumática. Destacam-se por seu predomínio as:
• As tumorais;
• As infecciosas;
• As vasculares;
• As degenerativas.

INCIDÊNCIA
As estatísticas mundiais revelam que, por ano, a cada um milhão de pessoas, 30 a 40 delas sofrem lesão medular. Aplicando tais dados à população brasileira, pode-se supor que de 5 a 6 mil pessoas por ano apresentam esse grave comprometimento neurológico.

Observa-se aumento significativo nas últimas décadas, principalmente nos centros urbanos, onde a violência tem crescido assustadoramente. A população mais afetada é jovem e do sexo masculino.

Levantamento estatístico realizado pela equipe de lesão medular da AACD no ano de 2000 mostra que a média de idade dessa população é de 30 anos, 80% da qual corresponde ao sexo masculino.

TIPOS
A Lesão Medular pode ser classificada de acordo com o comprometimento sensório-motor que a pessoa apresenta. A medula pode ser parcialmente ou totalmente atingida e de acordo com a forma, determina-se o seu grau de comprometimento. E de acordo com o local pode-se dizer o nível da lesão.

Uma lesão é classificada como completa quando não há função motora ou sensitiva preservada no segmento sacral. Numa lesão incompleta as funções motora e sensitiva estão preservadas no nível do segmento sacral.

A lesão na medula espinhal pode resultar em paraplegia ou quadriplegia (denominada tetraplegia pela American Spinal Cord Injury Association) dependendo do nível da medula que foi lesionado. Referimo-nos a lesões na medula espinhal em termos das regiões ( cervical, torácica e lombar) onde ocorrem e de ordem numérica dos segmentos neurológicos.

A paraplegia é ocasionada quando a lesão ocorre nos segmentos medulares torácicos, lombares ou sacrais, ocasionando comprometimento parcial ou total sensório-motor como paralisia dos membros inferiores (MMII) com algum comprometimento do tronco, dependendo do nível da lesão. Nesse tipo de lesão as funções dos membros superiores estão preservadas. Na paraplegia completa os membros superiores têm suas funções preservadas, mas os membros inferiores não apresentam qualquer movimento e não há função ou sensação muscular na área sacral inferior. Já a paraplegia incompleta os membros inferiores apresentam alguns movimentos, mas sem força suficiente que permita que a pessoa ande e existe contração voluntária da musculatura esfincteriana.

O cantor Herbert Viana sofreu um acidente aérea em 2001, quando o ultraleve que pilotava caiu no mar. Ele ficou paraplégico e perdeu parte da memória depois do acidente. Em 2002 ele retornou aos palcos e se encontra-se recuperando bem e já gravou quatro álbuns após o acidente.

Já a tetraplegia ou quadriplegia é ocasionada quando a lesão se localiza na medula cervical. Nela existe comprometimento parcial ou total sensório-motor nos quatro membros e tronco, podendo comprometer também a respiração. Pode haver função parcial dos membros superiores (MS), dependendo do nível da lesão.

Ela pode ser ocasionada por acidentes automobilísticos, mergulhos, ferimentos com armas brancas (facas e objetos cortantes) ou armas de fogo (projétil), quedas de alturas etc. Caracteriza-se por um trauma que fratura (quebra) ou desloca uma ou mais vértebras da coluna vertebral provocando uma invasão no canal medular e atingindo a medula espinhal por compressão ou secção (corte).

Classifica-se de tetraplegia completa quando há comprometimento total dos quatro membros e/ou da respiração com secção total da medula, isto é, a comunicação entre o cérebro e as outras partes do corpo fica interrompida abaixo do nível da lesão. Não há movimentos e sensações nos quatro membros e não há função motora ou sensitiva preservada no segmento sacral.

Já na tetraplegia incompleta a medula espinhal é parcialmente lesionada, preservando-se algumas sensações e movimentos no segmento sacral, ou seja, quando existe contração voluntária da musculatura do esfíncter.



O ator Christopher Reeve, conhecido internacionalmente por ter interpretado o Super Homem, caiu de um cavalo em 1995 e ficou tetraplégico após fraturar as duas primeiras vértebras cervicais.

Após seu acidente, Reeve se interessou por pesquisas com células-tronco e criou a Christopher Reeve Paralysis Foundation, com o objetivo de melhorar a condição de vida de pessoas que como ele, tinham algum tipo de paralisia.

 

 

PRINCIPAIS SINTOMAS E ALTERAÇÕES
Podemos identificar os comprometimentos da lesão dependendo do nível atingido, ou seja, os movimentos e as sensações corporais poderão estar reduzidos ou perdidos abaixo do nível da lesão. Quanto mais próxima do cérebro a lesão é chamada de alta e quanto mais distante do cérebro é chamada de baixa. Quanto mais alta for a lesão, maior será alteração das funções; e quanto mais baixa for a lesão, mais sensibilidade e movimentos serão preservados. Porém, como cada organismo não responde exatamente da mesma maneira e as lesões apresentam graus diferentes de comprometimento medular, não se pode determinar (ou prever) se isso realmente acontecerá, ou em caso de algum retorno de sensação e/ou movimento, ninguém poderá determinar o quanto esse retorno será funcional. Somente o tempo poderá responder estas questões.

Vale ressaltar que a lesão medular não compromete necessariamente a parte intelectual: raciocínio, memória, compreensão.

Os sintomas temporários normalmente resultam da compressão da medula e a paralisia permanente é geralmente causada por fraturas ou deslocamentos que perfuram ou fazem a transecção da medula.

Quando há lesão medular, além da alteração motora e sensorial que foram abordados anteriormente, a pessoa pode apresentar:

Bexiga e Intestinos neurogênicos  – dependendo do nível da lesão pode haver perda da função fisiológica da bexiga e intestinos, e com isso o organismo não cumpre satisfatoriamente com os processos de absorção e eliminação dos alimentos. A pessoa pode perder a sensação, o controle e a vontade de urinar e evacuar. Dessa forma pode acontecer tanto a prisão de ventre quanto o retenção de urina provocando infecções urinárias. É muito importante manter essas funções o máximo possível controladas e, para isso, é necessário e muito importante consultar um urologista periodicamente!

 

Problemas na circulação sanguínea - como há falta de mobilidade, a circulação fica prejudicada e pode causar inchaços (edemas) localizados nas mãos e nos pés. As tonturas também podem acontecer devido as mudanças posturais quando realizadas rapidamente (de sentado para deitado ou vice-versa, por exemplo), levando a pessoa a sentir a visão turva, tonteira e às vezes um pouco de suor e palidez. É importante ter orientações específicas para cada caso. Realize as mudanças posturais de uma forma lenta para que o organismo aos poucos se adapte à nova posição. No caso de inchaços, eleve as pernas ou os braços de acordo com a região afetada, colocando um travesseiro sobre elas para facilitar a drenagem do edema. Alguns médicos podem sugerir o uso de meias de compressão para auxiliar na circulação periférica.

Disreflexia autonômica – Geralmente é causada por um problema na bexiga ou nos intestinos em consequência à lesão medular. Como o corpo está impedido de reagir voluntariamente a algum problema que apareça, um conjunto de sinais e sintomas surge em resposta. Isto é a disreflexia autonômica. É preciso ficar bastante atento à sua ocorrência, pois é necessário tomar medidas emergenciais para não correr risco de vida. Algo está errado! Este é o alerta. Os principais sinais e sintomas são:


• Dor de cabeça
• Bradicardia (batimento lento do coração)
• Muita ansiedade
• Visão embaçada ou de manchas
• Nariz obstruído
• Manchas vermelhas na pele na face, pescoço e às vezes no corpo todo
• Pressão arterial alta
• Sudorese (suor)
• Tontura
• Aumento das contrações no abdome, nas pernas e também nos braços, em alguns casos
• Arrepios e coceiras indefinidas pelo corpo

Se a pessoa apresentar estes, verifique o quanto antes se há alguma coisa que possa estar incomodando ou machucando o corpo dela como roupas, cintos ou sapatos apertados, bexiga ou intestinos cheios, lesão na pele, fraturas, infecção urinária, unha encravada, mal posicionamento, etc. A primeira medida é esvaziar a bexiga fazendo o cateterismo vesical* de urgência. Em seguida, verifica-se se há prisão de ventre e, em caso afirmativo, provoca-se uma evacuação por meio de medicamentos e chás.

Se logo após os sintomas não desaparecerem, leve a pessoa o mais rápido possível a um hospital! Isso pode representar risco de vida!

* é uma técnica utilizada para realizar o esvaziamento da bexiga através da introdução de um cateter pela uretra. Para a realização deste procedimento é necessário um treinamento que deve ser ensinado pelo urologista.


Espasticidade – Após a lesão medular e a interrupção das vias nervosas, os músculos e tendões sofrem alterações na sua capacidade de contração e alongamento para a realização de movimentos. Na espasticidade, observa-se um aumento do tônus muscular, aumento dos reflexos e aparecimento de contrações sucessivas de um grupo muscular. A espasticidade é visível, pois há uma contração muscular brusca levando a uma movimentação em bloco, os braços e as pernas se dobram ou esticam desencadeando um tremor generalizado. Existem medicações que controlam a espasticidade, além de técnicas fisioterapêuticas (termoterapia, escovação, mobilizações, alongamentos, padrões antirreflexos etc.). A espasticidade causa contraturas musculares que provocam encurtamento dos músculos, diminuição da amplitude articular, deformidades ósseas e articulares, bem como padrões anormais de movimentos e posturas incorretas. Mantenha um acompanhamento médico, o fisioterapêutico e terapêutico ocupacional para evitar complicações.

 

Feridas na pele (Úlceras de pressão)  – a alteração da sensibilidade e a permanência durante muito tempo numa mesma posição podem ocasionar na pele feridas (escaras) que, se não forem tratadas, podem evoluir e até atingir músculos e ossos, configurando-se em um grave risco ao bem-estar e à saúde. Proteger o corpo onde encontramos protuberâncias ósseas (cotovelos, joelhos, tornozelos, quadris etc.) é uma medida preventiva essencial. Deve-se cuidar bem da pele usando cremes hidratantes, evitando roupas e calçados apertados, mantendo as unhas aparadas, fazendo uma alimentação adequada e observando sempre a pele em busca de manchas vermelhas ou pequenas lesões, para que sejam logo tratadas, evitando uma piora. Só utilize medicamentos, pomadas ou outras substâncias após a consulta ao médico! Veja abaixo os principais pontos de pressão que devem ser observados com frequência quando a pessoa fica muito tempo numa mesma posição:

Problemas respiratórios  – quanto mais alta for a lesão, maior poderá ser o comprometimento respiratório. Como há uma diminuição da mobilidade e da atividade física, deve-se ficar atento às complicações pulmonares (pneumonias, infecções respiratórias) prevenindo as intercorrências e melhorando a capacidade ventilatória. A mudança periódica de posicionamento (sentado, deitado de lado, de bruços ou de barriga para cima) favorece a respiração. Beber água também é fundamental para manter a umidificação dos pulmões e facilitar a saída de secreções ressecadas. Além disso, pode-se exercitar a respiração utilizando exercícios simples diariamente. Existem cintas específicas que dão suporte abdominal para melhorar a respiração.

 

Sexualidade  – a lesão medular também provoca uma mudança sexual, independentemente do nível. Cada pessoa reage de uma forma, portanto, é importante que se tenha a consciência de que haverá mudanças, mas que nada impede que se tenha uma vida sexual ativa e prazerosa. Busque orientações com o urologista e também com um psicoterapeuta.

 

 

IMPORTANTE: Devido aos comprometimentos causados pela lesão medular, devemos tomar alguns cuidados importantes, além destes que citamos acima, a alimentação também deve ser tratada com bastante atenção. Uma dieta balanceada é muito importante para evitar excesso de peso, prisão de ventre, diabetes e hipertensão. Além disso, uma alimentação correta pode ajudar na hidratação e nutrição da pele, bem como nas funções fisiológicas da bexiga e dos intestinos. Consulte um nutricionista!



Regulação Térmica
– pessoas com lesão medular possuem dificuldade de regular a temperatura corporal. Naturalmente quando estamos com calor, nosso corpo começa a produzir suor como forma de amenizar a alta temperatura percebida. Da mesma forma, quando sentimos frio, nosso corpo inicia um processo de aquecimento para que a diferença de temperatura seja controlada. Nas pessoas com lesão medular isso pode não acontecer e por exemplo, quando ela sentir calor terá que ter muito cuidado para sua temperatura corporal não subir demasiadamente e ocasionar riscos para a saúde. E no frio, é importante que o devido cuidado também seja tomado para que seja garantido que a pessoa seja mantida aquecida, devido à dificuldade de percepção das diferenças de temperatura.

 

Ossificação Heterotópica - A ossificação heterotópica (OH) é definida como a presença de tecido ósseo em locais onde normalmente não existe osso. Ela, geralmente acontece no quadril, cotovelos, joelhos e ombros.

 

 

RECURSOS QUE AUXILIAM O DIA A DIA
Órteses  – Elas mantêm as partes do corpo (membros superiores ou inferiores) em posição anatômica para prevenir deformidades, manter alongamentos e promover uma melhor circulação, além de facilitar a execução de movimentos e na realização de atividades. A indicação da órtese depende da avaliação do fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional. Nos membros superiores a pessoa pode apresentar flexão de punho e dedos, e em membros inferiores, pode apresentar extensão de tornozelos, bem como inversão (pé virado para dentro).

Estabilizadores de coluna  – Em alguns casos o uso de estabilizadores de coluna é indicado para evitar as deformidades das curvaturas da coluna vertebral (escoliose, hipercifose e hiperlordose). Podem ser confeccionados em tecido elástico, hastes de metal, de polipropileno e outros.

Cintas abdominais  – Algumas pessoas com lesão medular podem apresentar dificuldade com o equilíbrio de tronco e respiratórias. Nesses casos, o uso de cintas abdominais pode facilitar estas funções. A pressão da cinta no abdome promove uma sustentação do tronco, melhorando a tosse e permitindo um melhor desempenho do diafragma. Além disso, os órgãos que se localizam dentro da cavidade abdominal (principalmente a bexiga e os intestinos) ficam mais seguros e recebem estímulos para que se contraiam devido a esta pressão.

 


Equipamentos Ortostáticos
 - são utilizados para colocar a pessoa de pé. Assim, a circulação, os aparelhos digestivo e urinário, o coração e os ossos são estimulados já que, no dia-a-dia, utiliza-se muito a posição sentada. O uso desses equipamentos deve ser consultado a profissionais como médico, fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional.

Tábua Ortostática Cadeira Stand-Up Tutor com Andador Mesa Ortostática

Adaptações – Algumas adaptações podem ser prescritas e confeccionadas por terapeutas ocupacionais com o objetivo de ajudar ou permitir que a pessoa com lesão medular realize independentemente suas atividades do dia a dia como alimentação, vestuário, atividades de lazer e trabalho.

PROGNÓSTICO
O prognóstico para a recuperação substancial das funções neuromusculares depois de uma LME depende da lesão ser completa ou incompleta.

Se não houver sensação alguma ou retorno das funções motoras abaixo do nível da lesão 24 a 48 horas depois da lesão em lesões completas cuidadosamente avaliadas, é menos provável que as funções motoras sejam recuperadas.

No entanto, um retorno parcial ou total das funções até um nível de raiz nervosa espinhal, abaixo da fratura, pode ser alcançado, podendo ocorrer nos primeiros 6 meses depois da lesão.

Em lesões incompletas o retorno progressivo das funções motoras é possível, porém é difícil determinar exatamente quanto e quão rápido o retorno irá ocorrer.
Frequentemente, quanto mais tempo levar para a recuperação começar, menor é a probabilidade de ocorrer.

O prognóstico funcional é determinado principalmente pelo grau de preservação sensitivo-motora, porém é importante ressaltar que fatores como idade, obesidade, alterações cardiorrespiratórias, deformidades osteoarticulares graves, distúrbios psiquiátricos e outros podem modificá-lo substancialmente.

Deve-se lembrar que o prognóstico é individual para cada paciente que o tratamento de reabilitação é útil em todas as idades e em qualquer nível de lesão, desde que metas individuais e realistas sejam estabelecidas.

TRATAMENTO
A reabilitação do indivíduo com lesão na medula espinhal é um processo que pode durar a vida toda e requerer ajustes em praticamente todos os aspectos da vida. Os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais desempenham um papel significativo na recuperação física e psicossocial e ajudam o indivíduo a obter o máximo de independência.

É importante que a pessoa com lesão medular seja acompanhada, além dos profissionais citados anteriormente, por médicos, psicólogos e fonoaudiólogo.

No tratamento que terá duração variável para cada pessoa, a equipe de reabilitação, trabalhará com o paciente e seus familiares realizando, orientando e explicando os cuidados necessários para estimular adequadamente a evolução do paciente e prevenir as possíveis complicações decorrentes de alterações provocadas pela lesão medular.

O trabalho da reabilitação é o caminho que facilita e estimula a pessoa com lesão medular a reaprender a controlar suas funções “perdidas” e a obter a maior independência individual possível, tornando-o capaz de viver integralmente.

As atividades do dia-a-dia das pessoas com deficiência física por lesão medular requerem muita dedicação e é completamente possível obter muitas conquistas. Na prática, todos somos capazes de reaprender e desenvolver potencialidades que vão fazer importante diferença na qualidade de vida. As informações não se bastam. À medida que vivenciamos experiências e podemos trocá-las com o outro, ampliamos nosso conhecimento e podemos contribuir de alguma forma, com a humanidade.

É preciso estar comprometido com o processo de reabilitação, pois devemos cuidar bem do corpo para usufruirmos os benefícios da vida, além de que, a medicina encontra-se num rápido processo de evolução técnico-científico, capaz de reverter as sequelas da lesão medular e, para isso, o corpo precisa estar em forma.

CURIOSIDADES
A lesão medular é mais comum do que imaginamos. Além do cantor Herbert Vianna e do ator Christopher Reeve que falamos acima, outras pessoas conhecidas também tem lesão medular e são exemplos de sucesso e determinação, como a ex-ginasta Laís Souza e o escritor, dramaturgo e jornalista brasileiro Marcelo Rubens Paiva.



Inclusive Paiva escreveu o livro “Feliz Ano Velho” onde relata o acidente que o deixou tetraplégico depois de um mergulho em um lago às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em 14 de dezembro de 1979, após bater acidentalmente com a cabeça no fundo do lago. No livro, Marcelo as dificuldades e a força de vontade que um homem precisa ter para se inserir novamente na sociedade, enfrentando seus problemas e medos, bem como conta também seus relacionamentos amorosos. “Feliz Ano Velho” é nossa dica de leitura.

 

E como dica de filme, sugerimos o clássico “Intocáveis” que mostra a amizade que nasce aos poucos entre dois homens, um deles com tetraplegia chamado Phillipe, e seu acompanhante Driss. O filme é baseado no livro de mesmo nome e conta as aventuras, inclusive amorosas, e a relação de parceria que é iniciada quando Driss começa a trabalhar com Phillipe.

 

 

E para terminar, você sabia que pessoas com lesão medular podem praticar esportes?

O Power Soccer é uma modalidade paradesportiva que possibilita que pessoas com lesão medular e outros comprometimentos motores severos jogar futebol em cadeira de rodas. Conheça mais em nosso site e saiba sobre o nosso Clube Novo Ser de Power Soccer: http://novoser.org.br/powersoccer/

Possui alguma dúvida ou sugestão? Envie-nos um e-mail. Teremos o maior prazer em respondê-lo!

BIBLIOGRAFIA
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  http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042004000400008. Reabilitação Neurológica 4ª edição Ed. Manole Darcy Umphred
Manual de Fisiopatologia Clínica Fernando Bevilacqua, Livraria Atheneu RJ/SP 1979
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JACOBS, K; JACOBS, L. in Dicionário de Terapia Ocupacional. São Paulo: Roca, 2006.
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